sábado, 24 de maio de 2008

Um ser de outro mundo? (Por Laís Bastos da Silva)



Minha mãe, certa vez, disse que Arnaldo Antunes parecia um ser de outro mundo, concordei. Ele não só parece como deve ser. Um homem que teve a ousadia de encarar os olhos do público que rejeitou e manifestou-se com vaias diante de nove caras que subiram em cima de um palco, com uma bateria de caixas de papelão e pincéis, porque aquilo o fortalecia. Na verdade, acredito que fortaleceu todos os Titãs, talvez todos sejam de outro mundo, mas, afinal, de que mundo estamos falando? Se for o mundo da mesmice, da regra, da ordem, com certeza eles se encontram fora. Mas, voltando ao assunto ARNALDO ANTUNES, eu não gostava da sua voz, embora fosse apaixonada por suas poesias, músicas, prosas. O que me fez mudar de opinião? Um “boa noite” numa palestra! Foi como se sua voz tivesse atingido, antes dos meus ouvidos, o meu coração e, imediatamente, me senti uma perfeita idiota por tê-la desmerecido antes. Senti algo parecido com o que sinto ao ouvir os gritos de Cazuza, a diferença é que Arnaldo não precisou gritar.
Segundo o artista que ouso chamar de gênio, há poesia nos fatos, e (de fato), é o que sua presença de palco exprime: poesia pura. Quem ainda não teve a oportunidade de prestigiar seu trabalho solo, recomendo. Muitas pessoas relatam que choram em shows, seja porque a música é forte ou pela emoção de ver o ídolo, eu sempre tive dificuldades para tal, geralmente grito. Dois shows me arrancaram algumas lágrimas, o primeiro foi o do Arnaldo Antunes com a música Hotel Fraternité, de repente me vi chorando e até hoje não sei o motivo exato. O outro foi quando realizei meu sonho, um show dos Titãs, não consegui controlar. Tudo muito rápido e marcante (fatos, poesia?).
Como diria Nando Reis “Temos dois lados, pois temos frente e verso”, no Arnaldo consigo enxergar vários lados, uma agressividade que fere, outra que cura,acalma. Poesias coloridas, poesias preto no branco, umas que demandam mais atenção, outras que bastam serem vistas. Textos que defendem, acusam, definem. Músicas que comparam, arrancam, rasgam, enfim, que despertam diferentes sensações e, sem perceber, você pensa ou menciona: “Parece coisa de outro mundo”, e pergunto: Que mundo?

A idéia do fã clube surgiu meio que de repente e, várias situações me levaram a amadurecê-la e colocar para fora, sem medo do resultado. São elas: O Arnaldo está sempre em Curitiba, Curitiba o admira e ele a respeita; não soube da existência de nenhum fã clube na capital; acredito que o trabalho solo dele merece um valor e uma divulgação bem maiores da que têm; considero extremamente importante reunir os fãs para prestigiar, discutir, trocar informações e conhecer o trabalho do artista; gosto de me envolver com esse tipo de coisa, me responsabilizar por opção e não por pressão, etc.

Sejam todos bem vindos.